terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Muhammad Yunus, o homem que ouviu os pobres e se tornou Nobel da Paz

Sempre tenho a sensação de que o tempo é curto demais. Nunca dá tempo pra tudo, as preocupações e ansiedades parecem querer dominar o meu dia. As ideias florescem e quero fazer tudo. Tenho vontade de superar todos os meus limites, quero ser bom em tudo, não aceito minhas limitações e fraquezas e nem sempre consigo me sentir satisfeito com meus resultados. Quero sempre mais, preciso de mais. Quero falar, preciso ser ouvido.

Bem, esse quadro de euforia é comum a quase todos nós e só nos faz entender ainda mais que a vida requer um bocado de organização para ser prazerosa. E quando não estamos no eixo, sem muito rumo, costumamos negligenciar coisas importantes, aquilo que realmente faz diferença.

Stephen Covey, em seu O Oitavo Hábito, foi fantástico ao nos sugerir: OUÇA AS VOZES. Ele nos faz lembrar esse grito geral, que afeta a todos independente de nível cultural ou hierárquico. Estou falando de milhões de famílias, pais, filhos, profissionais de todos os ramos e em qualquer escalão. A pergunta é: em nosso dia a dia quem nos ouve? A quem ouvimos? Eu quero ser ouvido, o executivo de uma empresa global também, o seu subordinado imediato quer e precisa ser ouvido, assim como o desempregado, as esposas, esposos, filhos, amigos, a faxineira, o vigia da noite, todos, em algum momento, querem ser ouvidos.

Covey também me fez admirar ainda mais Muhammad Yunus, o fundador do Grameen Bank, organização criada para ajudar os mais pobres dos pobres de Bangladesh. Este homem aprendeu a ouvir. Ele era professor na universidade de Dhaka e, ao voltar para casa após as aulas, sentia-se mal com tanta pobreza à sua volta. Queria descobrir uma forma de transformar aquela realidade. As pessoas eram tão miseráveis que viviam com poucos centavos de dólar por dia, escravizadas pelos agiotas que lhes emprestavam dinheiro (centavos) a juros altos. Elas tinham espírito empreendedor, vontade de crescer, mas precisavam de alguém para ouvi-las. E Yunus foi esta pessoa. Ele descobriu que poderia ajudá-las com muito pouco, uma quantia insignificante para nós, mas que para elas fazia toda a diferença. Com um empréstimo de 27 dólares para 42 mulheres da aldeia de Jobra, ele iniciou o seu projeto de microcrédito, que logo se espalhou por outras cidades e vilarejos e deu vida ao Grameen Bank, o primeiro banco do mundo especializado em microcrédito. Em três décadas o banco emprestou mais de 7.5 bilhões a quase 8 milhões de famílias em mais de 100 países. Por ouvir aqueles miseráveis, Yunus inspirou o mundo ao transformar a realidade de milhões de pessoas.

O que me chama a atenção na história do banqueiro bengalês, mais do que sua sensibilidade à necessidade alheia, é que, por mais que pareça, não foram aquelas pessoas miseráveis as maiores beneficiadas pela sua ação. Yunus foi quem mais ganhou. A atitude de ouvir transformou a sua história e lhe trouxe certamente as maiores realizações de sua vida. Em 2006, sua visão e seus esforços pela erradicação da pobreza no mundo foram reconhecidos com o Prêmio Nobel da Paz. Por sua sensibilidade em ouvir a voz de quem precisava, foi agraciado com as vozes de que ele mesmo necessitava para mudar a sua história, construir um legado.

Isso nos faz entender que cultivar o hábito de ouvir é sinal de inteligência e contínuo crescimento. Exemplo contrário disso é o que vimos recentemente no Egito. A “surdez” de 30 anos de Mubarak o destituiu irremediavelmente do poder. Bom para o povo egípcio.

Ouvir nos livra de problemas e nos mantém no caminho do sucesso. Por isso pensar no quanto estou ouvindo me incomoda, porque sei que ouço pouco e sei que isso é um mau hábito bastante nocivo. Às vezes fechamos propositalmente os ouvidos para quem está bem perto de nós, nossa família, nossos filhos, em algumas situações até pedindo socorro. Ouvimos pouco em nosso trabalho, em nossos projetos. Não queremos dor de cabeça, não queremos ouvir nada. Quanta ingenuidade!

Quero ouvir mais, envolver-me com quem precisa ser ouvido, para ajudar pessoas e me ajudar. Quero olhar mais nos olhos das pessoas, minha esposa, meu filho, meus irmãos, meus amigos, meus colaboradores, meus parceiros de negócios, meus clientes, quero ouvir mais meus clientes. Fomos feitos para interagir, construir, restaurar, para cuidar, abraçar, sorrir, chorar junto quando precisar, para solucionar.


Muhammad Yunus deixará um legado para a humanidade, assim como Gandhi, Luther King, Madre Teresa, Dorothy Stang, Zilda Arns e tantos outros deixaram. Ouvir mais é um caminho certo para a transformação essencial que nos faz crescer e ter sucesso.


Por Jairo Brito

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Bagdá, Vieira de Mello, Julian Assange e todos nós



Na madrugada de 20 de março de 2003, eu estava com os olhos pregados em uma TV num quarto de hotel, em Araçatuba, interior de São Paulo, onde a Gêneses abrira o seu primeiro escritório regional. Eu assistia curioso aos últimos carros fugindo apressadamente pelas ruas de Bagdá ao som de sirenes que prenunciavam os primeiros ataques aéreos americanos sobre aquela cidade. Não gosto de sirenes, quase sempre elas estão relacionadas a coisas ruins. Bem, resto da história, que ali começava, todos nós sabemos. Não terminou até hoje!
Alguns meses depois, ao som de estrondos, gritos e das mesmas sirenes, 21 pessoas sucumbiram a um ataque terrorista ao prédio da ONU em Bagdá. E entre as vítimas estava o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, um dos mais importantes diplomatas do mundo. Sempre gostei dele e achava nobre o que escolhera fazer da vida.
Esse trágico acontecimento só reforça a verdade de que segurança é uma daquelas questões tão fundamentais que, em algumas situações, sua falta transforma tudo em questões de segundo. Ela precisa ser exata e inteligente, o que pode significar trancas no portão e janelas de uma casa simples até um complexo sistema de proteção de um prédio visado como o da ONU no Iraque.
Mas segurança é, antes de tudo, prevenção. Ouvi um militar norte-americano especialista em segurança falando sobre o episódio da morte de Vieira de Mello. Ele conta que orientou os responsáveis pela segurança da sede local da ONU a levantar barreiras fixas e bem fortificadas nas imediações do prédio, que, por ficar no fim de uma avenida, tornava-se um alvo bem apropriado e óbvio para um ataque. Mas o especialista disse também que sua ordem foi negligenciada. Ele se deparou depois com barreiras não tão suficientes para impedir uma passagem. Também haviam sido colocados alguns tanques e outros veículos militares nos primeiros dias, sendo retirados logo depois. Restaram apenas alguns obstáculos mais simbólicos do que efetivamente capazes de deter um ataque. E quem teria ordenado a diminuição do aparato de segurança? O próprio Sérgio Vieira de Mello. Segundo o especialista, o diplomata brasileiro não queria causar uma impressão de segregação e preconceito, queria mostrar ao povo iraquiano que não havia temor, como uma expressão de amizade e convivência pacífica. Sua intenção é compreensiva e o seu sentimento foi nobre. Mas ele e outros pagaram com a própria vida.
Infelizmente, nem todos os responsáveis pelo ataque eram “povo iraquiano”. Li certa vez que aquele prédio na capital do Iraque era alvo predileto de Osama Bin Laden. E Vieira de Mello não era bem visto pelo terrorista desde a sua atuação marcante na reconstrução de Timor Leste, país até então dominado pela Indonésia, nação muçulmana. Para Bin Laden, o fim do domínio indonésio tinha sido um ataque ao Islã por interesses ocidentais. E o diplomata brasileiro representava isso.
Bem, Sérgio já era um alvo muito tempo antes daquele agosto de 2003. Para a Al Qaeda, aquela avenida, aquele prédio, aquele momento constituíram o cenário perfeito para o ataque. Sentimentos nobres e humanitários do diplomata e negligência na segurança, somados ao desejo de destruição dos terroristas, resultaram em uma tragédia, com perdas irreparáveis para todos nós.
A atitude de prevenir deveria ter suplantado até mesmo os sentimentos mais nobres. As barreiras fixas deveriam estar ali. Os recursos existiam, o diagnóstico fora dado. O consultor em segurança estava certo, infelizmente.
Prevenção é uma atitude que se aplica a todas as áreas de nossas vidas. Saúde, alimentação, trânsito, segurança. O velho ditado não se desvale: prevenir é melhor do que remediar, porque em alguns casos, o dano tem um preço elevadíssimo e é simplesmente irreparável.
Na área de Tecnologia da Informação, por exemplo, prevenção é a cada dia mais uma palavra de ordem, no momento em que os avanços tecnológicos representam, em igual proporção, uma ameaça real à integridade dos ambientes profissionais.



Fico pensando qual tenha sido a sensação de instituições públicas, diplomacias e pessoas que foram vítimas da expertise de Julian Assange, o homem que sacudiu o mundo com tantas informações confidenciais e comprometedoras de muitos países. Imagino o sentimento de impotência daqueles que foram simplesmente superados pela lisura dele. Intrigas e mistérios diplomáticos e políticos à parte, Assange é bom, um retrato simples do que pode a tecnologia atualmente. Já em 1991, ele invadiu, via modem, a Nortel canadense e fez outras traquinagens.
A verdade, porém, é que à perspicácia dele unem-se os erros de suas vítimas. Alguém vacilou, subestimou e não aplicou os recursos disponíveis para uma proteção adequada.
No mundo dos negócios, isso acontece todos os dias. Empresas são roubadas, tendo suas informações confidenciais violadas, comprometendo negócios e colocando em risco a saúde de companhias, grandes ou pequenas. Todos nós, gestores, sabemos disso. Muitas empresas ainda não se atentaram para a realidade de que a segurança nos dias atuais é completamente diferente. Barreiras lógicas, trancas e alarmes não garantem a segurança. O mundo está conectado e por isso tudo pode acontecer. Terroristas cibernéticos, hackers preparados são realidade em nossos dias, muito mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos. E garanto que a maioria deles não tem a boa intenção de Assange, de só compartilhar. Muitos podem colocar tudo a perder a troco de nada.
Prevenção, segurança e proteção são palavras de ordem nos dias de hoje. E há recursos de segurança abundantes, capazes de nos livrar de quilos de constrangimentos, dores de cabeça e problemas mais graves. Mas é preciso buscá-los, aplicá-los em nossos ambientes, soluções que podem nos livrar do dano irreparável. Como provedores dessas soluções, nós da Gêneses já vimos muitos casos assim, de empresas enfrentando problemas com invasões e tendo dados roubados. O que fica é o sentimento amargo de que o previsível aconteceu.
É preciso pensar. Segurança é coisa séria. Segurança se constrói com prevenção, com ferramentas adequadas, para não haver perda de tempo, comprometimento das nossas empresas, dos nossos sonhos, da nossa vida. Evitar o irreparável.

 por Jairo Brito


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