sexta-feira, 23 de agosto de 2013





Descubra por que vidrados em tecnologia podem ficar gordos


Descubra por que vidrados em tecnologia podem ficar gordos

Você acha que ficar parado na frente do computador é o grande vilão? Descubra que os hábitos diários podem influenciar muito mais do que o sedentarismo.

É meio óbvio pensar que o sedentarismo causado pela tecnologia nos faz engordar, afinal: a tecnologia foi feita para diminuir nosso esforço e facilitar uma série de tarefas do dia a dia. No entanto, ao contrário do que você pode pensar, não é só isso que faz um viciado em tecnologia engordar.
Cientistas acreditam que o esforço cognitivo que a tecnologia exige faz com que seu cérebro trabalhe de forma mais “primitiva” em outros momentos, fazendo escolhas por impulso, com instinto de sobrevivência ou apenas para tentar recuperar o conforto.
Um estudo realizado em 1999 (e que vem chamando a atenção da comunidade cientifica apenas agora) demonstra de qual forma e por qual motivo engordamos com o vício na tecnologia.
O professor Baba Shiv (que atualmente trabalha em Stanford), em conjunto com Alex Fedorikhin, fez experimentos com 165 estudantes, exigindo que metade da turma memorizasse uma sequência de sete números, enquanto a outra metade deveria lembrar-se de apenas dois dígitos.
Depois da tarefa de memorização, foi oferecido um lanche aos participantes e eles tinham de optar entre uma tigela de frutas ou um bolo de chocolate. O resultado foi surpreendente: quem memorizou sete números era 50% mais propenso a escolher o bolo e não as frutas.

Descubra por que vidrados em tecnologia podem ficar gordos 
(Fonte da imagem: Shutterstock)

A explicação não parece ser muito lógica, mas, segundo os pesquisadores, o que acontece é muito mais comum do que você pode imaginar: fazer o cérebro trabalhar de alguma forma enfraqueceu a capacidade mental dos participantes, fazendo com que a mente deixasse de ser eficaz em outro momento, para outras escolhas.
Ou seja, para os pesquisadores, sua cabeça funciona como um tanque de combustível: quanto mais você forçar sua mente para determinadas tarefas, menos atenção vai sobrar para outras, fazendo com que o trabalho em todo o resto seja ineficiente.
Mas não é só a eficiência que acaba sendo afetada. A vontade própria também diminui e seu corpo começa a trabalhar mais com o instinto e, por isso, pede pela comida que sabe que é mais gostosa ou força você a descansar e ficar jogado na cama, por exemplo, ou em frente ao vídeo game enquanto você deveria estar fazendo exercícios.

Escolhas simples desgastam a mente

Outro estudo feito com cães mostrou resultados ainda mais interessantes: alguns animais foram orientados a permanecer parados por 10 minutos antes de resolverem um “puzzle” canino – um brinquedo em que eles deveriam encontrar uma solução, enquanto outros foram presos em uma gaiola durante o mesmo tempo.
Os animais que estavam soltos e precisaram trabalhar com o autocontrole para ficar sentados desistiram de resolver o puzzle em menos de um minuto, enquanto o segundo grupo, que só precisou esperar dentro da gaiola, trabalhou por mais de dois minutos até conseguir resolver o desafio.


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(Fonte da imagem: Shutterstock)

Isso demonstra que todo o esforço cognitivo gasto com alguma decisões faz com que outras deixem de ter o “combustível” necessário. E, assim como nos cachorros, isso faz com que os humanos escolham refeições mais calóricas, buscando a recompensa mais rápida para o corpo, sem raciocinar o que seria mais adequado para aquele momento.
Para Kyle Wagner, do Gizmodo, essa pode ser uma explicação do motivo que faz com que inteligentes e atarefados CEOs escolham usar todos os dias as mesmas roupas (você se lembra das piadas sobre o guarda-roupa de Steve Jobs? Então...). Mesmo as escolhas mais básicas do dia a dia exigem uma “energia” cognitiva que vai fazer falta depois.

A tecnologia e a falta de controle

Quanto menos intuitivo é um software ou aplicativo que usamos, mais esforço ele exige para ser utilizado. E isso pode fazer você engordar. Quanto mais vezes você precisa fazer escolhas e tomar decisões, mais a sua mente vai pedir por recompensas rápidas, sem que você ainda tenha energia para raciocinar que um prato de salada é mais saudável do que aquele sanduíche gigantesco.
Os pesquisadores começaram a ampliar este cenário para todo o arsenal tecnológico com os quais contamos hoje. Quanto mais você precisa pensar para interagir em uma publicação, menos habilidades cognitivas sobram para que você faça as escolhas “certas” na hora da refeição, e isso tem feito muita gente ganhar quilos a mais.

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(Fonte da imagem: Shutterstock)

O mesmo acontece com a interação com o celular e a necessidade de estar sempre atento para responder mensagens ou reagir a cada notificação recebida. Para manter-se engajado na rede, você drena uma série de recursos cognitivos que poderiam ser aproveitados de uma forma melhor.

A solução

Teoricamente, a mudança de hábitos poderia ser a chave para fazer sua mente render melhor ao longo do dia, além de poder até fazer com que você deixe de ganhar peso. Desinstalar o aplicativo que mais gera notificações (ou desativá-las) e deixar de lado sistemas muito complexos quando você percebe que está em estado de estafa são dois exemplos.
Embora nenhum estudo ainda seja conclusivo sobre as formas de influência da tecnologia sobre o nosso corpo, é possível tentar adaptar tarefas do dia a dia (não só as tecnológicas) para não desperdiçar o esforço cognitivo com elementos não tão cruciais assim.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

“O imediatismo é o maior inimigo das marcas”

“O imediatismo é o maior inimigo das marcas”


Para uma das principais autoridades em neuromarketing, as empresas tendem a manipular o consumidor em tempos de crise — e isso é péssimo para os negócios




São Paulo - O dinamarquês Martin Lindstrom, de 43 anos, passou as últimas décadas dizendo a companhias como Procter&Gamble e Microsoft o que fazer para vender mais. Em 2009, o guru do marketing foi eleito uma das 100 personalidades mais influentes da revista Time. Lindstrom é autor dos best-sellers

A Lógica do Consumo (2010) e Brandwashed: o Lado Oculto do Marketing (2011). A partir de estudos ligados à neurociência, seus livros descrevem como o subconsciente influencia a decisão de compra. Lindstrom vem a São Paulo em agosto para o Fórum HSM — Inovação e Competitividade.
1) EXAME - O senhor costuma falar sobre as técnicas de neuromarketing utilizadas para manipular o consumidor. Como isso funciona? 
Martin Lindstrom - neuromarketing é uma tentativa de entender cientificamente o comportamento dos consumidores. Em laboratório, sensores mapeiam as reações positivas e negativas do cérebro a certos estímulos, como cores e sons. Essas informações, se bem analisadas, são cruciais para as companhias. 
2) EXAME - Como esses estímulos ajudam a vender mais?
Martin Lindstrom - Sabemos que 85% das decisões que tomamos, como escolher a marca do xampu, são feitas no subconsciente. Por isso, alguns estímulos podem ser decisivos na hora da compra. Isso pode ser usado para o bem ou para o mal. 
3) EXAME - Como o consumidor é afetado negativamente?
Martin Lindstrom - Diversas empresas passaram a estudar as reações de pessoas­ diante de catástrofes para faturar mais. Perceberam que, ao acentuar o perigo de certas situações, poderiam se dar bem.
Em 2009, logo que começaram os casos da gripe suína, uma marca americana de álcool gel, a Purell, colocou em seu site um anúncio alertando para o risco de contaminação. A tática deu certo, a empresa vendeu mais por um período, mas é lembrada até hoje pela estratégia pouco elegante.
4) EXAME - Qual é o impacto positivo do neuromarketing?
Martin Lindstrom - O McDonald’s tomou a decisão de incluir frutas e vegetais nas refeições para crianças, mas tinha um problema. Nada pode ser mais chato do que comer cenoura. Foi então que a empresa decidiu fazer testes e descobriu que cenouras cortadas em forma de bastão e histórias na caixinha passavam à maioria das crianças a ideia de algo lúdico. Após o lançamento dos produtos, isso se confirmou. Foi um sucesso.
5) EXAME - As empresas usam a neurociência corretamente? 
Martin Lindstrom - Grandes companhias dizem ter uma agenda “do bem” para o departamento de marketing. Mas a maioria fica só no discurso. Seus executivos, ainda como um reflexo da crise financeira, só querem saber do próximo trimestre. Esse imediatismo acaba sendo o maior inimigo das marcas.
6) EXAME - Qual é o perigo dessa obsessão exclusiva nos resultados financeiros? 
Martin Lindstrom - É preciso ter em mente que uma marca cultuada pode atingir públicos a que não tinha acesso antes. Quem tenta, de alguma forma, ludibriar seus clientes acaba correndo riscos maiores. A fatura, quando chega, costuma ser bem alta. 
7) EXAME - Se o senhor tivesse de dar apenas um conselho às empresas, qual seria? 
Martin Lindstrom - Aproximem-se do consumidor. Passo 100 dias por ano na casa de pessoas para entender como e por que elas compram. As ideias de produtos precisam nascer desse contato. Não de uma equipe de inovação ilhada em um prédio

Fonte: Exame.com