segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Bagdá, Vieira de Mello, Julian Assange e todos nós



Na madrugada de 20 de março de 2003, eu estava com os olhos pregados em uma TV num quarto de hotel, em Araçatuba, interior de São Paulo, onde a Gêneses abrira o seu primeiro escritório regional. Eu assistia curioso aos últimos carros fugindo apressadamente pelas ruas de Bagdá ao som de sirenes que prenunciavam os primeiros ataques aéreos americanos sobre aquela cidade. Não gosto de sirenes, quase sempre elas estão relacionadas a coisas ruins. Bem, resto da história, que ali começava, todos nós sabemos. Não terminou até hoje!
Alguns meses depois, ao som de estrondos, gritos e das mesmas sirenes, 21 pessoas sucumbiram a um ataque terrorista ao prédio da ONU em Bagdá. E entre as vítimas estava o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, um dos mais importantes diplomatas do mundo. Sempre gostei dele e achava nobre o que escolhera fazer da vida.
Esse trágico acontecimento só reforça a verdade de que segurança é uma daquelas questões tão fundamentais que, em algumas situações, sua falta transforma tudo em questões de segundo. Ela precisa ser exata e inteligente, o que pode significar trancas no portão e janelas de uma casa simples até um complexo sistema de proteção de um prédio visado como o da ONU no Iraque.
Mas segurança é, antes de tudo, prevenção. Ouvi um militar norte-americano especialista em segurança falando sobre o episódio da morte de Vieira de Mello. Ele conta que orientou os responsáveis pela segurança da sede local da ONU a levantar barreiras fixas e bem fortificadas nas imediações do prédio, que, por ficar no fim de uma avenida, tornava-se um alvo bem apropriado e óbvio para um ataque. Mas o especialista disse também que sua ordem foi negligenciada. Ele se deparou depois com barreiras não tão suficientes para impedir uma passagem. Também haviam sido colocados alguns tanques e outros veículos militares nos primeiros dias, sendo retirados logo depois. Restaram apenas alguns obstáculos mais simbólicos do que efetivamente capazes de deter um ataque. E quem teria ordenado a diminuição do aparato de segurança? O próprio Sérgio Vieira de Mello. Segundo o especialista, o diplomata brasileiro não queria causar uma impressão de segregação e preconceito, queria mostrar ao povo iraquiano que não havia temor, como uma expressão de amizade e convivência pacífica. Sua intenção é compreensiva e o seu sentimento foi nobre. Mas ele e outros pagaram com a própria vida.
Infelizmente, nem todos os responsáveis pelo ataque eram “povo iraquiano”. Li certa vez que aquele prédio na capital do Iraque era alvo predileto de Osama Bin Laden. E Vieira de Mello não era bem visto pelo terrorista desde a sua atuação marcante na reconstrução de Timor Leste, país até então dominado pela Indonésia, nação muçulmana. Para Bin Laden, o fim do domínio indonésio tinha sido um ataque ao Islã por interesses ocidentais. E o diplomata brasileiro representava isso.
Bem, Sérgio já era um alvo muito tempo antes daquele agosto de 2003. Para a Al Qaeda, aquela avenida, aquele prédio, aquele momento constituíram o cenário perfeito para o ataque. Sentimentos nobres e humanitários do diplomata e negligência na segurança, somados ao desejo de destruição dos terroristas, resultaram em uma tragédia, com perdas irreparáveis para todos nós.
A atitude de prevenir deveria ter suplantado até mesmo os sentimentos mais nobres. As barreiras fixas deveriam estar ali. Os recursos existiam, o diagnóstico fora dado. O consultor em segurança estava certo, infelizmente.
Prevenção é uma atitude que se aplica a todas as áreas de nossas vidas. Saúde, alimentação, trânsito, segurança. O velho ditado não se desvale: prevenir é melhor do que remediar, porque em alguns casos, o dano tem um preço elevadíssimo e é simplesmente irreparável.
Na área de Tecnologia da Informação, por exemplo, prevenção é a cada dia mais uma palavra de ordem, no momento em que os avanços tecnológicos representam, em igual proporção, uma ameaça real à integridade dos ambientes profissionais.



Fico pensando qual tenha sido a sensação de instituições públicas, diplomacias e pessoas que foram vítimas da expertise de Julian Assange, o homem que sacudiu o mundo com tantas informações confidenciais e comprometedoras de muitos países. Imagino o sentimento de impotência daqueles que foram simplesmente superados pela lisura dele. Intrigas e mistérios diplomáticos e políticos à parte, Assange é bom, um retrato simples do que pode a tecnologia atualmente. Já em 1991, ele invadiu, via modem, a Nortel canadense e fez outras traquinagens.
A verdade, porém, é que à perspicácia dele unem-se os erros de suas vítimas. Alguém vacilou, subestimou e não aplicou os recursos disponíveis para uma proteção adequada.
No mundo dos negócios, isso acontece todos os dias. Empresas são roubadas, tendo suas informações confidenciais violadas, comprometendo negócios e colocando em risco a saúde de companhias, grandes ou pequenas. Todos nós, gestores, sabemos disso. Muitas empresas ainda não se atentaram para a realidade de que a segurança nos dias atuais é completamente diferente. Barreiras lógicas, trancas e alarmes não garantem a segurança. O mundo está conectado e por isso tudo pode acontecer. Terroristas cibernéticos, hackers preparados são realidade em nossos dias, muito mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos. E garanto que a maioria deles não tem a boa intenção de Assange, de só compartilhar. Muitos podem colocar tudo a perder a troco de nada.
Prevenção, segurança e proteção são palavras de ordem nos dias de hoje. E há recursos de segurança abundantes, capazes de nos livrar de quilos de constrangimentos, dores de cabeça e problemas mais graves. Mas é preciso buscá-los, aplicá-los em nossos ambientes, soluções que podem nos livrar do dano irreparável. Como provedores dessas soluções, nós da Gêneses já vimos muitos casos assim, de empresas enfrentando problemas com invasões e tendo dados roubados. O que fica é o sentimento amargo de que o previsível aconteceu.
É preciso pensar. Segurança é coisa séria. Segurança se constrói com prevenção, com ferramentas adequadas, para não haver perda de tempo, comprometimento das nossas empresas, dos nossos sonhos, da nossa vida. Evitar o irreparável.

 por Jairo Brito


A Gêneses IT está à sua disposição para falar sobre prevenção de perda de dados, encriptação / criptografia, backup, replicação de dados com alta disponibilidade.
Ambientes clusterizados e monitorados, antivírus, redes segmentadas e ainda datacenters seguros e normatizados. Vamos falar?




10 comentários:

  1. Ótima matéria!!
    William Gandolpho

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  2. Matéria interessante.
    Post mais!

    Abraço.

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  3. Gostei de tudo que eu li, bom saber que podemos contar com empresas serias que sempre vão estar se colocando a frente no mercado.


    Alan Carvalho

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  4. Grande Jairo, parabéns pelo texto e pelo comprometimento com a qualidade. Sem dúvida alguma, tenho certeza de que a Gêneses é uma empresa que vê muito além do jardim! Parabéns! Dreco - André de Paula - Uberaba/MG

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  5. Belo artigo, Jairo. Pelo jeito, temos visões políticas semelhantes.

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  6. Parabéns pela matéria, muito interessante !! Abraço.

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  7. Bacana o contraste mostrado no texto, ficou muito bem discorrido!
    Parabéns pelo blog!!!

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  8. Olá Jairo,

    Será que temos oportunidades de negócios nessas instituições onde o Assangi "sacudiu" ?? rsrsrs

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  9. Muito interessante Jairo...com certeza a GS não ve apenas o "presente" e sim enxerga o que vem pela frente! Parabéns pelo Blog, virei fã já.

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  10. interessante lembrar desse dia fatídico de 2003 e fazer um paralelo com tudo o que aconteceu envolvendo a WikiLeaks. a questão de segurança é algo que infelizmente muitas vezes ser torna mecanismos de reação quando o ideal – e certo - é ser algo preventivo.
    obrigado Gêneses por ser uma empresa de tecnologia indo além do universo binário, e ensinando sobre o valor real da segurança.

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